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domingo, 21 de novembro de 2010

DIA DAS SAUDAÇÕES


Olá, como vai?! Eu vou indo. E você, conhece, além desta, com um repertório mais variado que o meu, outras formas de saudação? E por que eu quero saber, se mal não há em sempre se saudar assim, já sendo, em si, a disposição para se saudar alguém um ato suficientemente “rico”, dispensável então que se fique, por preciosismo ou por temor de parecer repetitivo, a procurar outras fórmulas, arriscando-se até, nessa busca incessante por originalidade(s), esbarrar, com os danos típicos de um encontrão assim, em bizarrices?

É que hoje é o dia das saudações. E se as usamos, costumeiramente, para saudar, para “nos saudar”, para saudar o dia (de hoje), para fazê-lo em relação a um dia especial, para, enfim, saudar alguém que se inclui no dia que se quer saudar, nada mais justo que saudar este dia, das saudações que é.

Talvez quem inventou este dia não tivesse a intenção de que nos puséssemos a saudá-lo: o dia e não seu próprio inventor, já que assim estaria legislando, se foi um legislador quem isso inventou, em causa própria. Quem sabe se não o fez, bem-intencionado, apesar deste dia, de tão pouco conhecido, ser quase ignorado, para nos lembrar da “cordialidade” (essa palavra que sai do “coração”: e isso eu sei “de cor”) que há em se saudar alguém?

Pode-se especular se as saudações, tornadas fórmulas convencionais, convencionado que ficou que se as deve usar, não se transformaram em meras palavras, lugares-comuns que são usados sem a plena consciência do ato (de cordialidade) que elas encerram. Pouco importa, na verdade. Saudar alguém, mesmo que respondendo a uma convenção, ainda que isso não expresse, rigorosamente, um desejo do coração, abre espaço, por menor que seja (para quem vive na escuridão doméstica, uma frecha, como uma brecha nesse breu, é um alvissareiro sinal de luz; e para quem está mergulhado no escuro “temporal”, a céu aberto (ou fechado), em alguns lugares, em dada época do ano, um raiozinho de sol, tímido ainda, é bastante para antecipar o calor (arrepiante) a vir), para, pergunta feita com jeito de afirmação – olá, como vai?! -, resposta lhe seja dada, sem “precisão”: eu vou bem, eu vou indo (para onde?), e você?

Mas, se a intenção (das boas) é saudar o dia, dia das saudações, e o dia (como alguém que, em mau dia, recebendo saudação, passa batido, mesmo sem saber para onde vai, e não a responde, ou só murmura, inaudível então, um “eu vou indo”, entredentes) não sabe como responder, saudá-lo, então, para quê?

Isso eu não sei dizer. A pergunta deveria ser feita e quem inventou este dia: este, porém, eu não sei quem é. Mas, presumo que o dia – o de hoje, em especial, e qualquer outro – já se sentirá devidamente saudado se, dirigindo-nos a alguém, mesmo na pressa que nos faz passar batido pelo dias, lançarmos-lhe um “olá, como vai?!”

Lançado está!

CHICO VIVAS

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