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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

DIA DO INVENTOR


Nada: isso não passa de invenção!

E talvez seja mesmo. Mas, quem terá inventado (o) nada? E falar nisso (nos) faz pensar (pelo menos me faz, quem sabe se por eu não ter nada...mais importante para fazer) em tudo, sendo isso a própria especificidade do tema.

Dá para imaginar – e onde mais se inventa, senão na própria imaginação – que alguns dos mais famosos inventores eram pessoas de quem se diria, valendo-se da primeira impressão, que nem sempre é a falsidade em pessoa, não terem a menor imaginação, muito embora, com certa “razão”, pense-se que as invenções mais robustas encerram mais lógica que imaginação, não se percebendo, ou não se querendo fazer relevante tal percepção, que raramente se busca na lógica a necessidade de uma invenção, fazendo-me, mais comumente, o caminho inverso: dando-se conta de uma lacuna, uma necessidade ainda não satisfeita, imagina-se, primeiro, que se pode supri-la, depois, com o quê, entrando, com toda razão, a lógica, com seus cálculos e suas provas que não devem deixar margem a erro, para se vencer então o desafio do “como”, mesmo que ainda não se tenha vencido o desafio do “ter o que comer para todos”.

Mas, ao se pensar em invenção, vem-nos, diante dos olhos, até mais que as grandes invenções – talvez porque já bem incorporadas ao nosso cotidiano que nem as percebemos mais como grandes invenções, como se em lugar de terem saído, com esforços por vezes exaustivos, da imaginação de alguém, tivesse escapado, como que por encanto, das mãos do Criador -, aquelas invenções risíveis, absurdas, que parecem propor um problema a mais em vez de resolver aquele a que, idealmente, deve sua existência. E não faltam exemplos disso.

Aqui, contudo, não se verá uma lista deles. Porque, com boas intenções, ainda que com cálculo inexato, quis-se, sim, tornar a vida melhor – o que, na maioria dos casos, significa...ganhar tempo -, muito embora, complicada demais, a invenção, só para se saber usá-la, toma-nos um tempo precioso; isso sem se falar de uma eventual pressa (para ganhar tempo) do inventor em dar a público seu engenho, com visão mercadológica ou apenas com olhos altruístas, fazendo com que não se tenha testado convenientemente o invento, propondo-lhe todos os desafios possíveis, incorporando cada vitória, resolvendo cada derrota em uma nova melhoria, resultando, infelizmente, numa peça com defeito, ainda tão próximo seu aparecimento ao ato da compra, e o consequente envio para a assistência técnica, em que, essa é a impressão que se tem, todos estão com a vida ganha, mesmo que a desculpa para as reiteradas demoras seja justamente a falta de tempo.

Se “nada” é mesmo uma invenção, é das grandes: e como se achar algum defeito em nada? Desconfio, com essa minha imaginação da qual jamais saiu qualquer invento (e eu não estou inventando isso), que quem inventou nada também deve ter, obrigatoriamente, inventado tudo, já que quem é responsável pela invenção de tudo tem de ser, necessariamente, o mesmo “inventor de nada” – sem que se esteja assim se desmerecendo sua invenção.

Um dia – e isso já dá sinais de que vivo, por menos esperto que seja, há muito por este mundo de invencionices -, a máquina de escrever (e não me refiro a algum escritor levado ao extremo dos seus próprios esforços, físicos e intelectuais) – e essa história de máquina de escrever é quase datação com Carbono 14 – era, para mim, o ápice da imaginação de alguém, duvidando mesmo que fosse coisa de um homem. Hoje – e isso não faz de mim, de uma hora para outra, um homem de agora -, concentro meus espantos na caneta, a esferográfica mesmo: que ideia!

E só não vou ao lápis por temor de, nesse recuo no tempo, perder-me, além de, para quem me aturou até aqui, isso parecer (como se já não tivessem notado isso desde o princípio) pura perda de tempo.

CHICO VIVAS

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