Um elo é tudo aquilo que liga, não sendo necessário fazer parte de uma “corrente”, bastando que seja o ato necessário a unir o que de um lado está ao que, ora, está em outro, aparentemente oposto, por ilusão da nossa perspectiva espacial, embora muito próximos, precisando somente de um elo.
Assim, dizê-lo “de ligação”, é romper a corrente do estilo, por mais prosaico que seja um erro assim, já que não se concebe um elo que não faça justamente isso: ligação.
Um dia, as relações – pessoais ou institucionais – tinham seu lugar certo, mantendo distância da publicidade desnecessária, havendo mesmo alguma desconfiança sobre o que então parecia onipresente. Assim é que, quando preciso, chamava-se, às vezes com urgência, alguém para ser o elo entre a instituição e o público, ou mesmo entre um individuo e a sociedade, tomada esta em seu aspecto institucional.
Agora, ninguém mais liga para “elo de ligação”, considerando mesmo, apesar do grave atentado ao estilo, que um erro assim, consagrado pelo uso, eleva-se à categoria de (a)certo, tomados, então, os que ainda prezam a língua, até guardando algum silêncio, quando não têm certeza, como uns esnobes.
Agora também ninguém é mais “privado”: tudo é público – e não sê-lo se transformou em falha curricular. Ninguém mais parece ter direito a ficar calado, instado que é, a todo instante, a dizer, a dar opinião, sequer com tempo para amadurecer uma, já inquirido sobre outra, ou mesmo sobre aquela mesma questão, cuja opinião, passados alguns instantes, deve ser outra, porque manter a mesma durante mais que alguns minutos é estar desatualizado.
Entre “mim” (que não sou eu, particularmente) e qualquer outro já não há contato direto, separados, virtualmente, por nada, havendo, na realidade (talvez aumentada), um impedimento para além do meramente figurado: se quero falar, estando aqui, com o outro lado, que sequer me faz oposição, apenas estando do lado contrário, não posso, simplesmente, ir até lá, porque não é mais assim que as relações se dão.
Preciso de um Relações. Preciso ter um em minhas relações. Preciso, por ser mais prudente, ter uma relação delas, vários. Precisos não sei se são, mas já conquistaram, além do dia (de hoje) seu lugar nessa nossa história feita de imagens, construída com base na imagem que se projeta, imagem esta que pode, nas mãos de um mau profissional (ou de um dos melhores, a serviço do mal), ser destruída, assim, de uma hora para outra, com a mesma facilidade com que, metal fingido, com leve puxão, se desfaz uma corrente, rompendo seus elos.
CHICO VIVAS
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